Quanto mais velhos ficamos mais os traços de personalidade se tornam acentuados. A constatação é de uma pesquisa feita com idosos com idades entre 70 e 90 anos.
A maioria das pessoas, ao tentar imaginar um grupo de idosos, considera que esses indivíduos formam um aglomerado homogêneo, doente e que não consegue tomar as próprias decisões. Uma pesquisa da Universidade de Gothenburg, na Suécia, indica um caminho totalmente oposto: quanto mais velhos ficamos maiores as diferenças entre os indivíduos que compõem o grupo se manifestam, ao contrário dos grupos compostos por pessoas mais jovens.
O pesquisador Bo Eriksson estudou os dados coletados por uma pesquisa longitudinal – de longa duração e feita com uma ampla gama de indivíduos – que acompanhou pessoas nascidas no início do século XX. “A percepção geral é a de que pessoas idosas têm interesses, valores e estilos de vida similares, e isso pode levar à uma discriminação com base na idade. O que encontramos, entretanto, é que esses estereótipos são completamente errôneos”, diz o pesquisador.
A pesquisa à qual Eriksson teve acesso foi feita em 1971 por um grupo multidisciplinar da Universidade de Gothenburg, e acompanhou cinco grupos de pessoas com média de idade de 70 anos no total de 30 anos de pesquisa.
Diferenças afetam a longevidade
Eriksson observou como as condições sociais podem afetar a longevidade. Ele chegou a cinco mecanismos que influenciam nessa equação. Os dois primeiros estavam relacionados à criação de fatos sociais, como, por exemplo, projetos e concessões sociais feitos pelos indivíduos e que ajudam na criação de uma identidade pessoal.
Um terceiro mecanismo diz respeito a como as pessoas constroem e mantêm a autoestima ao ter sucesso superando desafios e problemas durante a vida. Já as conversas diárias com companheiros e pessoas conhecidas ajudam a diminuir a ansiedade e proporcionam melhor discernimento diante de tomadas de decisão, além de melhorar a atenção e o funcionamento da memória de modo a conservar a saúde mental.
“Juntos, esses mecanismos também contribuem para a execução de uma atividade física diária e isso se traduz em benefícios para o corpo”, sendo esse o quinto mecanismo de acordo com as conclusões de Eriksson.
A pesquisa aponta que a combinação desses cinco fatores é que poderia ajudar a determinar a longevidade de um indivíduo e quanto mais velhas as pessoas ficam mais díspares as respostas e combinações entre esses fatores protetores se manifestam e que influenciam para mais ou menos os riscos na saúde física e mental. Ao contrário, as pessoas mais jovens têm mais respostas similares a todas essas questões, seguindo um padrão mais determinado o que impossibilitaria analisar individualmente a questão da longevidade.
Os resultados da pesquisa podem ajudar a profissionais e pesquisadores da área médica a determinarem quando é necessário acompanhar de forma mais individual os problemas enfrentados por pessoas de uma determinada idade. Em contraposição, certos acompanhamentos podem ser feitos com base em estatísticas mais generalistas e garantiriam que campanhas de prevenção, por exemplo, pudessem ser aplicadas em grupos amplos, pois quanto mais jovem fosse esse grupo, mais homogêneas as respostas.
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University of Gothenburg
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