SAÚDE
Especialista explica como a depressão tem afetado os relacionamentos e classifica problema como ''mal do século''
A depressão, novo mal do século, é uma palavra que percorre o mundocontemporâneo, bem com se apresenta como sintoma deste tempo, que pode ser qualificada de afeto central da modernidade. Levamos em conta esse sintoma do mal estar da civilização, pois se a depressão não existe, encontramos sujeitos deprimidos.
Não consideramos tal como a medicina e a psiquiatria esse termo como um denominador comum de todas as referencias clínicas, como uma possível elucidação de todos os mecanismos do psiquismo e das condutas.
Estas definem a depressão como uma disposição psíquica na qual o doente experimenta tristeza e ou inibição sensível da atividade, se tornam os principais sinais. A esta definição acrescenta-se tanto a angustia, a dor psíquica quanto a um conjunto de fenômenos psicossomáticos, tais como reações dermatológicas, nevrálgicas, insônias, hipersonia, desregulamento dos ciclos vitais do sujeito feminino, anorexia, suicídios.
De uma maneira geral, a depressão é descrita como uma atitude passiva que encobre desde a tristeza até o abatimento moral, redução motora afetiva e das ideias até a auto depreciação e a autodestruição. Para a psiquiatria de hoje, a depressão é um campo de predileção. Assim a depressão outrora síndrome, é hoje doença. A depressão é ao mesmo tempo definida como um conjunto de fenômenos, ou seja um sintoma e uma síndrome ou uma entidade mórbida particular.
A posição psicanalítica sustenta que a depressão não pode ser reduzida nem a eficiência dos anti-depressivos, nem a uma aparente unidade fenomenal. A psicanálise responde que as manifestações depressivas se encontram na neurose, psicose e perversão e de maneira diferenciada. Para a psicanálise, a depressão é mais precisamente a pertubação do humor reforçado pela inibição, é um afeto.
Ao contrário da angustia que é um afeto que não engana, a depressão é um afeto que pode enganar. O sujeito deprimido é um sujeito afetado por um vazio que se engana quanto a natureza deste vazio. Para Freud, o sentimento deste vazio refere-se a uma perda, aquela que se situa entre real e ideal entre luto e melancolia. O luto marcado por uma perda real do objeto produz uma depressão que se caracteriza pela retirada dos investimentos destinadas ao objeto. O fato do luto suspende, temporariamente, o interesse pelo mundo exterior .
Depois de acabado o luto, o objeto desaparece, após o reexame sucessivo de perda de um destes traços para deixar o lugar para um novo amor que passa a ocupar o lugar vazio. Na melancolia, o sujeito traz a falta sobre ele, a perda do objeto provoca efeitos sobre o eu, delírio do melancólico, de indignidade, de culpabilidade, de não valor e seu corolário. Nada mais atroz do que esta dor eterna que diante da depreciação de si mesma se pergunte para que ficar doente para ter acesso a uma tal verdade?
Portanto, nenhum outro pecado universal, a não ser a dor de existir, pois toda afecção da alma repousa, numa falta moral, sobre as ideias inadequadas, resulta a diminuição da potência do agir do corpo, efeito de uma traição do sujeito a si mesmo; assim está feita a conexão entre a falta moral e culpabilidade, falta esta do bem dizer de algo que ficou maldito. Quem sabe a vida assim se torne mais amiga quando se pode verdadeiramente se saber na vida.
Sonia Maria Petrocini - psicanalista (Londrina)
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