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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lyoto Machida


Ex-campeão do UFC, Lyoto Machida volta à jaula mais famosa do MMA mundial no final do mês, mais especificamente no UFC 129, que rola dia 30 de abril, contra um dos maiores nomes da história do esporte: Randy Couture. Diante do desafio, o carateca revelou, em entrevista exclusiva à TATAME direto de Belém, onde treina com a família, que terá desafios maiores que “simplesmente” Randy. “É uma luta que, por mais que você tenha certa vantagem, você tem que ser muito claro, porque o Couture tem um nome que pesa. Eu sempre penso que eu não vou lutar só contra ele, mas contra os árbitros também”, afirmou Lyoto, avisando que não pretende deixar a luta terminar por pontos. No bate-papo exclusivo, Machida falou sobre a compra do Strikeforce, falou sobre seus treinos e comentou a vitória de Jon Jones sobre Maurício Shogun, elogiando o fato de o americano ter “sobrado” contra o maior adversário de sua carreira. “O Carlson (Gracie) falava isso: ‘galo bom não tem esse negócio, galo bom a gente vê no início’. Às vezes o cara não precisa ser muito experimentado, porque às vezes o cara é bom... Eu vi e disse que esse cara tinha potencial para chegar”, disse. Confira:

Como está o seu treinamento para a luta contra o Randy Couture?

Na verdade, a preparação toda da luta vai ser feita em 12 semanas. Nós estamos a quatro semanas do evento, então a gente já trabalhou oito semanas. Nesse período, a gente fez muito a parte física primeiramente, estamos com uma equipe bem elaborada para que não tenha um erro de preparação física, para que a gente saiba dosar até onde a gente pode ir e até onde a gente deve parar. A gente fez bastante essa parte física, já entrou na parte técnica bem aprofundada, e o treinamento é baseado no meu estilo, que é a luta em pé, mas trabalhando outros fundamentos do MMA, que é a parte de queda. Eu enxergo hoje no MMA que, por exemplo, o Randy Couture é um cara do Wrestling. A gente respeita, sabe, mas quando mescla tudo isso com chute, muitas das qualidades se igualam, assim como acontece com a luta em pé. Um soco dele pode entrar, assim com uma queda minha pode entrar... O esporte está bem equilibrado nesse aspecto.

O Randy Couture, além um wrestler, é um grande estrategista. O que você preparou para essa parte?

A gente sempre visualiza os aspectos físicos primeiros. A resistência é uma qualidade física que você pode continuar ganhando com o decorrer do tempo, mas a velocidade você tende a perder com a idade. A gente tenta priorizar essa parte da velocidade em todos os movimentos, seja no Wrestling, na parte de chão ou na parte em pé. É muito difícil hoje em dia que a estratégia vai ser basicamente essa porque, como eu estou te dizendo, o esporte está tão profissional e competitivo que os caras estão preparados em todos os aspectos, em todos os terrenos, então é difícil dizer. A gente vai tentar fazer o melhor jogo de MMA baseado no nosso estilo, obviamente.

O Dana White chegou a falar que você poderia ser até demitido do evento, caso perdesse para o Randy Couture. Como você está encarando essa pressão?

Sinceramente, no início, quando ele falou isso, eu fiquei preocupado e até um pouco chateado. Mas depois a gente teve uma reunião e, na verdade, não foi bem isso que ele quis dizer, e eu parei de me preocupar e parei de ficar pensando nisso porque eu quero fazer uma luta limpa. Quero mostrar o que eu venho treinando, o que eu melhorei das últimas lutas para cá.

Uma vitória em cima do Couture pode ser um grande salto dentro da categoria. Onde você acha que você fica, caso você ganhe? De repente na fila pelo cinturão...

Com certeza. Eu acho que chega a um patamar, quando você já figura entre os tops, que qualquer coisa pode acontecer. Você pode ver nas categorias que acontece isso: o cara nem está “rankeado”, mas faz uma boa luta e as coisas acontecem, de repente ele já está na boca pelo título novamente. Mas é claro que a gente se preocupa sempre com o nosso próximo passo, que para mim é essa luta com o Couture. Agora, a consequência de uma vitória logicamente seria de me por lá para a frente, até pelo nome que o Couture já construiu no evento. Eu encaro essa luta como uma luta difícil, não é uma luta fácil. É uma luta que, por mais que você tenha certa vantagem, você tem que ser muito claro, porque o Couture tem um nome que pesa. Eu sempre penso que eu não vou lutar só contra ele, mas contra os árbitros também.

Na luta contra o Rampage, você manteve o seu estilo nos dois primeiros rounds, e depois partir para cima, sendo contundente, e perdeu em uma decisão polêmica. Que Lyoto nós vamos ver agora?

Eu acho que o estilo é o mesmo, mas o que aconteceu com o Rampage prova que, se em muitas das lutas eu inicio esse processo um pouco antes, essa luta pode terminar antes do tempo, seja lá no chão ou em pé. Isso mostrou que o Rampage é um cara duro, mas quando eu realmente resolvi partir para cima e tentar decidir alguma coisa, eu tive uma grande vantagem com isso. Agora, levando em consideração de onde eu vinha, uma derrota contundente, sofri um nocaute, então existia toda uma preocupação para que a luta pudesse correr um pouco mais, não acontecesse o que aconteceu na luta com o Shogun, da luta acabar no primeiro round. Eu acho que, a partir do momento que eu parto para cima, eu tenho levado certa vantagem, então acho que, se eu adianto um pouco isso, como eu fiz com o Rampage, comecei a ir para cima no segundo round... A gente sabe que o primeiro round é de muito estudo, você não sabe o que o cara preparou para você, então é difícil você também se expor demais, mas a partir do segundo eu acredito que dá para se expor mais.

Na última vez você trouxe o Pedro Rizzo, o Glover... Quando você não os traz, você vai até eles?

Isso.

Como está sendo desta vez? Você está treinando com quem?

Nessa luta eu não quis viajar, eu quis ficar aqui. O próprio Joinha falou que se eu quisesse ir para outros lugares treinar, como com o próprio Dedé Pederneiras, a quem eu admiro muito, gosto muito do trabalho que ele realiza... Mas é como eu digo, existem outros aspectos que fazem parte da performance, não só o treino, mas o social, o afetivo, psicológico, alimentação... Por enquanto, estou treinando com a minha equipe, mas eu quero trazer o Glover, que é um cara que me ajuda muito e, acima de tudo, que mostrou ter muito caráter, com disciplina. Tanto ele quanto o Pedro Rizzo se encaixaram bem no nosso perfil aqui de atleta e de pessoa. Pedro Rizzo também é um cara que me ajudou muito, mas eu acho que, para essa luta, se eu trouxer só o Glover, que é um cara que é mais leve um pouco, está mais no meu peso, vai me dar um suporte maior, porque o Pedro é um cara muito forte, mas muito pesado para mim nessa fase final, então eu posso acabar me machucando com ele porque ele bate duro, chuta pesado, então às vezes eu prefiro pegar um cara mais leve, mas que simula bem o que eu preciso.

Desde o Rampage, ninguém tem conseguido segurar muito o título dessa categoria, como foi o caso do Shogun, que foi derrotado pelo Jon Jones. O que você achou dessa luta?

Ninguém sabe... Eu, como atleta, não sei o que aconteceu por trás dos bastidores. Não é que eu estou defendendo, mas eu defendo muito o lado do atleta, e às vezes o público não conhece esse outro lado. Porque antes do cara ser atleta, ele também é um ser humano. Então ninguém sabe o que aconteceu antes, ali fora, na fase de treinamento, se ele teve algum problema e tudo. Quando o Shogun lutou comigo, talvez ele tenha vindo mais preparado, ou talvez estivesse com aquela vontade de ganhar o cinturão, mas eu não sei. O Shogun é um grande atleta, naquele dia ele não se apresentou bem. Eu achava que o Jon Jones até poderia ganhar pelo estilo, pelo jogo deles, pelas regras do UFC, já que ele é um cara bom de quedas. Eu sabia que ele ia tentar quedar o Shogun, e que talvez o Shogun pudesse ter dado mais trabalho a ele se tivesse traçado uma estratégia um pouquinho diferente, mas eu não sei... Isso é uma coisa que a equipe tem que decidir com ele. Eu respeito o que aconteceu ali, não interfiro, mas eu acho que é por aí.

O que você acha do Jon Jones? Até então, dos atletas tops, ele só havia enfrentado o Ryan Bader. O que você achou dele como atleta, e essa subida que ele teve na carreira?

O Carlson (Gracie) falava isso: “galo bom não tem esse negócio, galo bom a gente vê no início”. Às vezes o cara não precisa ser muito experimentado, porque às vezes o cara é bom. Eu penso do mesmo jeito. Eu vi e disse que esse cara tinha potencial para chegar. Mas, como a gente disse, essa categoria é muito disputada e é difícil a gente falar se o cara vai ficar muito tempo, se não vai ficar... Quando eu ganhei, todo mundo dizia que eu ia ficar muito tempo. Mas acontece que você vira um alvo, você passa a ser muito estudado, você é muito perseguido, todo mundo quer te vencer. É difícil falar, mas é lógico que ele tem qualidades físicas e técnicas para se manter por muito tempo. Nós, como adversários dele, temos que estudar o melhor jeito de vencê-lo, porque ele é muito forte fisicamente.

Muita gente já chegou a falar que o seu jogo é o único que seria capaz de derrotá-lo. O que você acha disso?

Quando passa por um estudo da luta, porque ele vai me estudar também, e ninguém sabe como ele vai se portar diante de tudo isso, eu tenho certeza que ele tem uma grande equipe por trás dele, então muitas qualidades se equivalem, se equilibram. Acho que o meu estilo é bem diferenciado da maioria das pessoas, e acredito muito no meu estilo, mas é uma coisa que, com toda a sinceridade, eu não tenho pensado nesse momento. Eu tenho pensado no meu foco, até porque eu estou em outra situação, não estou em uma situação de disputar um título, não no momento. Tudo pode mudar em uma questão de dias, mas não é o que vem acontecendo agora. O próximo passo que a gente vai dar é o Couture, o próximo passo é o mais importante para mim.

Você venceu uma vez e o Shogun te derrotou depois. Ainda está nos seus planos fazer uma terceira luta com ele?

Lógico. Eu acho que uma luta entre nos só faria sentido se tivesse um cinturão, porque são dois brasileiros... Tem muita gente para a gente enfrentar ainda. Tem o Ryan Bader, o Phil Davis, uma porrada de gente, o próprio Jon Jones, Rashad, Rampage, tem um monte de gente que a gente pode lutar e lógico que toda luta é bem vinda, mas se a gente pudesse fazer uma disputa de cinturão, seria bem melhor, até pela mídia mesmo, para todo mundo do MMA. Seria uma luta com um gosto diferente. A gente está preparado para qualquer luta, qualquer situação, mas é uma coisa que eu acho que seria muito melhor se valesse um título.

Até cogitaram o Anderson contra o St. Pierre, mas depois dessa performance, já cogitaram o Anderson contra o Jon Jones. Você acha viável essa luta?

Eu acho que sim. Eu acho que é uma luta dura. O Anderson é um cara que domina muito a parte de luta em pé, eu acredito que o Jon Jones não vai ter toda essa facilidade de encaixar todos esses golpes, mas isso vai muito do Anderson, porque eu venho falando com ele e ele não tem muito essa ambição de subir de categoria. Ele não quer se meter em confusão, mas é uma coisa de cada um.

Você está mais fino... Como está essa parte de peso?

Olha, eu estou com 95, 96kg, estou variando. O meu peso normal é 97, 98kg, mas eu perdi muita gordura com o treinamento que a gente vem fazendo, mas eu já estou no peso praticamente da luta. Vou tirar mais uns dois quilos no máximo.

O que a gente pode esperar o Lyoto esse ano?

Com certeza, mais vontade e determinação. Eu sempre mostrei isso, sempre busquei as coisas através do meu esforço, e não vai ser diferente. Acho importante a gente sempre tentar mostrar A gente tem que se tornar um exemplo para essa juventude que está chegando, com bastante treino, bastante disciplina e respeito, que assim a gente vai chegar a todos os lugares bem.

O que você achou da compra do Strikefore pelo UFC? Como você vê os atletas da sua categoria no Strikeforce?

Eu acho que a compra do Strikeforce, para o UFC, foi bom, mas, para o esporte em geral, acho que não foi tão boa. Dizia um filósofo: “se você quer crescer, peça a Deus um concorrente”. Então esse concorrente vai te fazer crescer, assim como nós, atletas. Se você tem um cara que pode fazer frente a você, você pode crescer, então acho que para o esporte em geral talvez não tenha sido bom, apesar de o UFC estar fazendo muitos eventos. Acho que é sempre importante ter alguém em paralelo.

Os eventos no Japão já não estavam muito bem, tinham se enfraquecido. Como você vê a situação agora, após os tsunamis e terremotos?

Eu tenho família lá, tio... Está todo mundo bem, ninguém foi afetado diretamente, mas os eventos do Japão, com isso que aconteceu, deu uma baixada. Agora é esperar e ver se levanta alguma coisa diferente. Eu não quero pensar só em mim, porque tenho trabalho, mas tem muita gente que não, tem muita gente que vive disso, que quer viver do esporte e precisa ter um concorrente para que possa dar oportunidade para essas pessoas.

Por Eduardo Ferreira
quinta-feira, 07 de abril de 2011 - 10:07:01

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