Alimentos doces também trazem grande concentração do mineral
São Paulo - O sódio é abundante no sal de cozinha, mas ele também faz parte de vários alimentos doces. E o problema é que isso pode passar despercebido por quem precisa controlar o rigorosamente a quantidade desse mineral na dieta e evitar a hipertensão e outros problemas de saúde.
Um pote de iogurte light com 170 g, por exemplo, que parece inofensivo, esconde 122 mg de sódio, quase a mesma quantidade existente em três biscoitos de água e sal. Bolachas, bolos e até água tônica também têm uma quantidade relevante de sódio que, em excesso, além de prejudicar a pressão, pode causar insuficiência renal, doenças cardiovasculares e até câncer de estômago.
Isso porque o sódio, embora seja popularmente associado ao sabor salgado, funciona como conservante. O sódio também é usado para enaltecer o sabor, mesmo dos doces, de acordo com o médico nutrólogo Paulo Henkin. ''Além do sódio natural dos alimentos, há o sódio adicionado no preparo industrial e ainda o sal que se coloca no prato, na hora de comer. No final do dia, a soma é alta'', afirma Henkin.
Uma pesquisa incluiu até o refrigerante light entre os vilões do sódio. A bebida, embora menos calórica, contém mais sódio do que a tradicional. E isso, de acordo com o estudo da Universidade de Miami, estaria relacionado a um risco aumentado de enfarte e acidente vascular cerebral.
A maior concentração de sódio nas linhas diet e light pode ser explicada pela adição do ciclamato de sódio, um tipo de adoçante, de acordo com a nutricionista Fernanda Pisciolaro. Entre os doces, outros perigos são os biscoitos recheados, os bolos industrializados e os sucos em pó.
''O consumo de sal no Brasil é excessivamente alto e isso é intensificado pela industrialização'', aponta a nutricionista Anita Sachs. Parte desse exagero pode ser explicado pelo sódio camuflado nos doces.
Consome-se no País mais que o dobro da quantidade de sódio indicada pelo Ministério da Saúde, que é de 2 gramas por dia, o que corresponde a 5 gramas de sal. O consumo médio diário de sódio do brasileiro é de 4,5 gramas, segundo uma tese de doutorado defendida pelo médico Flávio Sarno na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Em sua pesquisa, intitulada Estimativas do consumo de sódio no Brasil, Sarno descobriu que quanto maior o poder aquisitivo da pessoa, maior a parcela de sal proveniente de alimentos processados. Lasanha e pizza congelada estão no topo do ranking do sódio.
O sódio em excesso faz mal porque ele deve estar sempre em equilíbrio com a quantidade de água presente no sangue. Quando está sobrando, o organismo atua para restabelecer o equilíbrio, tirando água de dentro das células para diluí-lo. Com isso o volume de sangue aumenta, elevando a pressão e favorecendo o surgimento das doenças cardiovasculares.
Além disso, o sal em excesso é responsável pela retenção de líquido e pela formação de edemas. Alguns médicos relacionam o exagero ao câncer de estômago e à osteoporose.
Mariana Lenharo
Agência Estado
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