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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Banca virtual é a tendência para os próximos cinco anos

ADVOCACIA



Os advogados e os escritórios de advocacia vão recorrer mais do que nunca à internet para prestar serviços jurídicos, de acordo com o artigo “Os próximos cinco anos — previsões para o futuro da eAdvocacia”, publicado pela revista Law Practice, da American Bar Association (ABA – a ordem dos advogados dos EUA).
A banca virtual vai se popularizar, afirmam os autores do artigo Richard S. Granat e Marc Lauritsen. Granat é o fundador do Granat Legal Services, PC, um dos primeiros escritórios virtuais dos Estados Unidos, e presidente e CEO da DirectLaw Inc., uma plataforma para bancas virtuais. Lauritsen é advogado, professor e tecnólogo, especializado em sistemas para redação de documentos e para dar suporte a tomada de decisões.
A proposta é transformar a prática da advocacia em uma atividade interativa, online, através do siteda firma. As previsões dos autores para a prática da advocacia nos próximos cinco anos são as que se seguem:
— As firmas vão criar um portal para cada cliente para lhes prestar serviços jurídicos
As grandes bancas vêm usando tecnologias de extranet há anos, mas apenas advogados autônomos e pequenas firmas têm incorporado um portal do cliente em seus sites, para cada um de seus clientes.

Recentemente, os custos dessa tecnologia se tornaram acessíveis a qualquer firma, por pequena que seja. A ideia é criar um espaço personalizado no site da firma para cada cliente, adotando uma plataforma online para a oferta de uma grande variedade de funções que, hoje, são oferecidas por telefone, fax, correspondências ou reuniões pessoais.
— Automação de documentos habilitados pela internet
A preparação de documentos é um dos mais importantes serviços jurídicos que podem ser prestadosonline. Essa tecnologia vem sendo usada com sucesso por empresas estranhas à advocacia, que são provedoras de formulários jurídicos, como a LegalZoom, dos Estados Unidos. Essas empresas competem com as firmas de advocacia e uma maneira de combatê-las é começar oferecer os mesmos serviços, sob a administração de advogados, que podem impedir que erros sejam cometidos.

Isso ajuda o advogado a automatizar a elaboração de seus próprios documentos e enviar questionários online aos clientes, através do portal do cliente. Esses sistemas geram um primeiro esboço de um documento instantaneamente, para que o advogado o revise, analise e adapte às necessidades de cada cliente.
Os benefícios em termos de eficiência e de qualidade de serviço da automação de documentos habilitados pela internet já foram comprovados por alguns escritórios. Agora é só uma questão de tempo para que a adoção do sistema se espalhe entre firmas de advocacia de todos os tamanhos. Por enquanto, tem beneficiado especialmente advogados autônomos e pequenas firmas.
— Aplicativos para assistência jurídica interativa
Como no caso da montagem de documentos, os aplicativos para assistência jurídica onlinepossibilitam aos clientes responder a perguntas através de um questionário interativo. Mas, ao invés da elaboração de um documento jurídico, o aplicativo gera conclusões, ao processar uma série de declarações do tipo "e se?" (que preveem possibilidades), fornecendo ao cliente, imediatamente, uma resposta para seu problema jurídico.

Embora isso não seja fácil de programar, uma vez que estiverem em operação, os aplicativos de assessoria jurídica podem ser usados por muito tempo, sem necessidade de revisão. Uma característica importante desse aplicativo é que ele pode dispor de um mecanismo para alertar o advogado sobre possíveis problemas, que requeiram análise mais sofisticada ou assessoria jurídica direta.
Os autores preveem que esse aplicativo se tornará popular entre as firmas privadas e os órgãos públicos. Nos EUA, o Serviço de Imigração já usa diversos aplicativos de análise online, para o candidato à cidadania avaliar, por si mesmo, se tem direito a ser tornar um cidadão americano.
─ Rede de firmas com uma marca nacional prestando serviços online
Pequenas firmas de advocacia normalmente têm dificuldades para fazer seu marketing e fazer com que seus sites ganhem visibilidade em um ambiente de intensa competição. Elas irão se associar (em um pool de firmas) para formar redes com configurações nacionais e verticais, para agregar seus recursos de marketing.

Projetadas em torno de especialidades da advocacia, de uma forma vertical, as redes vão fornecer informações jurídicas gratuitamente aos consumidores para atrair tráfego. Poderão oferecer, também gratuitamente, sessões de perguntas e respostas na rede, fornecendo informações que podem ter ou não conteúdo jurídico. Ainda de forma gratuita, poderão disponibilizar formulários, para gerar tráfego. Nos EUA, já existem meia dúzia de redes desse tipo.
— Cursos sobre tecnologia sofisticada para a prática da advocacia
Algumas poucas faculdades de Direito já começam a oferecer cursos de tecnologia avançada para a prática da advocacia, mas não sobre como desenvolvê-las. No entanto, tais tecnologias se tornam cada vez mais importantes para a eficiência da prática. E mais advogados se interessam em fazer carreira nas áreas de gestão de conhecimentos e desenvolvimento de aplicativos.

As faculdades de Direito devem ser os centros naturais para pesquisa e educação nessas áreas e alguns desenvolvimentos promissores estão em progresso. Algumas instituições estão fazendo um esforço conjunto para reinventar a formatação dos cursos de Direito. O projeto LawWithoutWalls, coordenado pela Faculdade de Direito da Universidade de Miami, abriu uma oportunidade para outras universidades, professores, estudantes e a comunidade jurídica de todo o mundo trabalhar em regime de colaboração, mesmo que virtualmente, para desenvolver um novo modelo acadêmico para a área de Direito.
Em Chicago, o programa de aplicativos jurídicos para a Justiça, da Faculdade de Kent, procura catalisar cursos de outras instituições de ensino para o desenvolvimento, pelos estudantes, de ferramentas como questionários interativos e geradores de documentos, com a finalidade de estimular o aprendizado dos estudantes e expandir o acesso à justiça. Os autores preveem que até 2016 dezenas de faculdades de direito vão oferecer cursos e programas como esses.
— Uso extenso de computação em nuvem para aumentar os recursos internos
O ceticismo sobre computação em nuvem vai se dissipar. E seu uso vai se popularizar, não apenas como uma forma de armazenar dados e documentos online, mas para disponibilizar aplicativos jurídicos complexos às firmas, a um preço acessível.

Aplicativos voltados para o cliente, tais como portais para os clientes, automação de documentos habilitados pela web e assessoria jurídica interativa serão oferecidos por um crescente serviço de fornecedoras de software como serviço (SaaS — software as a service). Da mesma forma, soluções para serviços administrativos tradicionais, como aplicativos para controle de tempo e faturamento, gestão de casos, calendário e contabilidade, serão mais amplamente disponibilizados na internet.
Algumas consequências
Entre os resultados desses desenvolvimentos, vai se acelerar a transição para computação móvel, menor demanda por espaços físicos para firmas de advocacia e um número sempre crescente de advogados itinerantes, habilitados para trabalhar de qualquer lugar, a qualquer tempo.

João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Revista Consultor Jurídico, 14 de novembro de 2011

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