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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

SEIZA




Na postura seiza, também conhecida como nipon-za, os praticantes se sentam sobre os calcanhares com as pernas dobradas. O homens devem deixar um espaço entre as pernas de dois punhos, enquanto as mulheres devem se sentar com os joelhos encostados.

Quando sentamos por pouco tempo, devemos colocar o peito do pé esquerdo em cima da planta do pé direito. Quando for para ficar por muito tempo devemos colocar apenas o dedão do pé esquerdo sobre o dedão do pé direito. O tronco deve estar sempre bem ereto, com as nádegas apoiadas nos calcanhares. As orelhas devem estar alinhadas com os ombros e o nariz com o umbigo. Todos os músculos devem estar completamente relaxados com exceção do baixo ventre, principalmente o ponto localizado 4 dedos abaixo do umbigo, esse ponto na china chama-se “tan tien” no Japão “tanden” na terminologia médica chinesa de “kihai”, aqui ele é traduzido como “mar de energia”.
Seiza é escrito com dois ideogramas: “Sei” e “Za”.

“Sei” significa tranqüilidade, esse ideograma na verdade tem um grande número de significados, dentre os quais destacamos os mais amplos.
1-Repouso, diz-se de algo firme e imóvel,
2-Estar calado, antônimo de Ken (vozerio),
3-Calmo, tranqüilo,

4-Correto, polido,
5-Descansado, relaxado,
6-Claro, transparente,
7-Brando, amolecido,
8-Valoroso, de valor.

Tais sentidos podem ser observados em uma série de palavras compostas como:
Sei-i - vontade serena,
Sei-kan – visão serena, visão tranqüila,
Sei-za – sentado em tranqüilidade, descansado,
Sei-shi – contemplação,
Sei-jaku – Concentração,
Sei-yô – cura, recuperação.

Um dos ideogramas muito utilizados é o Sei-shi. Enquanto Seiza é o ato de sentar-se numa atitude calma, tranqüila e repousada com silêncio e transparência, Sei-shi é um estado de espírito calmo transparente e correto. Seiza é, então, a expressão de quietude do corpo, ao passo que, seishi exprime a tranqüilidade do espírito. Temos assim expressada a quietude dos dois aspectos que fazem o ser humano: corpo e espírito. As duas palavras expressam a quietude do ser humano.

Foi por influência do Zen. Entre as variadas e primorosas manifestações da cultura japonesa, que chamam a atenção das pessoas de todo o mundo, conhecemos o teatro Nô, o Haikai, os arranjos florais, as artes marciais, a cerimônia do chá, entre outras. Todas estas artes datam de um período que se entende dos fins do século XIV até o século XVI (Período Muromachi), no qual o Zen foi totalmente incorporado à vida prática.

Nos tempos antigos, os japoneses não se sentavam sobre esteiras, sentavam em cadeiras ou de pernas cruzadas sobre o chão de terra batida. Mas uma transformação gradual nos costumes foi alterando o ato de sentar, principalmente depois da classe guerreira dos samurais tomar o poder político. Talvez porque o sentido da impermanência de todas as coisas, derivado da vida inconstante do guerreiro japonês, sempre exposto a muitos perigos, levasse os samurais a procurar uma resposta para o problema de como viver..

Deste modo, os japoneses praticaram o Zen e formularam o Bushido. Essa atitude dos guerreiros, de dedicação ao Zen, foi se popularizando, e depois dos agitados anos de guerra civil do século XIV, na era Muromachi, generalizou-se e o uso das cadeiras acabou sendo completamente substituído pelo Seiza.
Destes princípios brotaram e cresceram os elementos culturais acima mencionados, onde se situa a nossa arte marcial, o Karatê.
Um elemento importante no processo de substituição das cadeiras por esta postura foi o código de etiqueta dos samurais.

Organizado por Sadamung Ogasawara, sob orientação do monge chinês naturalizado japonês Socho, sofreu pequenas alterações na época do Shogun Yoshimitsu Ashikaga e tornou-se, enfim, o código oficial da classe guerreira, com o nome de Sangi-ito, conhecido vulgarmente como estilo Ogasawara de etiqueta.

Entre as várias formas de praticar a meditação Zen existe a Bosatsu-za, ou postura do Bodisatva, que consiste em sentar-se sobre os calcanhares. Essa postura se transformou no Nipon-za provavelmente pelo código de honra dos samurais ser calcado nas virtudes do Bodisatva, aquele que no seio da comunidade humana se esforça na prática e na difusão dos ensinamentos de Budha.
Para manter uma posição na qual se está sempre pronto para instantaneamente atender ao apelo de outrem é preciso manter a maior calma, até para discernir os ruídos exteriores.

Senta-se sobre os calcanhares, sem cruzar as pernas, para conseguir esses objetivos.
Os guerreiros, que como os bodisatvas precisavam responder imediatamente à apelos diversos, manifestaram um grande interesse por essa postura.
O uso das esteiras tornou-se comum no início do século XVII. Assim que as vantagens do seiza foram reconhecidas pelos guerreiros, sua prática passou a ser obrigatória no treinamento das artes militares.
Os elementos da cultura japonesa são qualificados com a palavra “do” que quer dizer “caminho”, como o Caminho das flores, O caminho do arco e da flecha, o caminho das Mãos vazias etc. Todos eles são aperfeiçoados e sublimados graças ao emprego do Seiza.

Certa vez numa escola de Formosa, investigando as relações entre a disposição mental e a prática do seiza, pediu-se a um professor de arte marcial que adiasse o ensino de sua luta aos alunos recém matriculados, que foram exercitados apenas na arte do Seiza. Os alunos chineses não tinham nenhum costume de se sentar daquela maneira. Alguns sofriam bastante com apenas cinco minutos de prática. Com perseverança, passaram a tolerar dez, quinze, trinta minutos. Foi preciso cerca de dois anos para que eles agüentassem uma hora sentados imóveis em Seiza. Depois de adestrados em Seiza, passaram ao aprendizado das técnicas. No fim do terceiro ano, todos, além de obterem melhores notas nos estudos convencionais, conseguiram as melhores colocações nos exames de graduação.
Postado por Cesar Estivales às 7:12 PM 0 comentários Links para esta postagem
Como o Zen é a alma mater do seiza?
Nos fins da Segunda Guerra Mundial, intelectuais do mundo inteiro, transcendendo o sectarismo religioso, passaram a demonstrar profundo e especial interesse pela maneira Zen do homem viver a vida. Isso levou a um verdadeiro boom do Zen, que passou a atrair intensamente a atenção das pessoas. Em muitas universidades dos Estados Unidos, de Los Angeles a Cincinati, há professores publicando trabalhos minuciosos sobre zen. O Dr. Clark, do laboratório de psicologia infantil de Detroit, vem realizando trabalhos práticos sobre a utilização do Zen na terapia de distúrbios mentais, abrindo, assim, um novo caminho para o Zen. Misako Miyamoto, professora de uma universidade feminina japonesa, que realizou tais estudos na América do Norte, publicou um apanhado geral dos mesmos em Psychologia, revista internacional de psicologia do Oriente.

Nos Estados Unidos já foi ultrapassada a fase dos meros estudos e se atingiu a da utilização prática do Zen.
Considera-se, então, terminado o aprendizado de boas maneiras. Diante da ineficácia da coerção externa, procura-se levar o educado a espontaneamente manifestar o desejo de praticar boas maneiras. No seiza, a parte superior do corpo é mais importante que as pernas.
O termo Zen vem do sânscrito Dyana, que na China modificou-se para Zen, porque os chineses não conseguiam repetir a palavra Dyana, falando então Ch'anna, quando chegou ao Japão passou-se a utilizar a palavra Zen que quer dizer meditação.

Os antigos comparavam a mente à água dentro de uma vasilha, e diziam: Quando a vasilha se move a água se agita, mas quando fica imóvel o líquido fica tranqüilo. Daí a idéia da prática do seiza, que passou a ser considerado o método correto para a obtenção da tranqüilidade mental.
Isso porque, quando se está em pé, o centro de gravidade do nosso corpo se acha em posição elevada, sem estabilidade suficiente, o que acarreta um estado de inquietude mental. E, quando se deita, a estabilidade do corpo é excessiva e provoca quietude mental exagerada, gerando sonolência. Quando se dorme, obviamente não se está no estado de quietude mental visado. Quando tomamos a posição sentada, porém, obtemos o grau ideal de estabilidade física e mental, o estado de quietude mental mais conveniente.

Além da posição sentada, buscaram-se condições ideais para a obtenção da quietude mental. Verificou-se que, de olhos fechados, o praticante tem a sensação de estar balançando e se torna mais propenso ao sono. Por isso, os olhos devem ficar sempre abertos. Como não é bom que o corpo fique apertado, aconselha-se também que as vestes sejam folgadas. Recomenda-se ainda que a coluna vertebral fique rigorosamente na vertical e que seja aumentada a quantidade de ar inspirada no processo respiratório. Para isso, o ideal é a respiração abdominal
Assim, pouco a pouco os antigos foram estabelecendo a posição e as regras propícias para o seiza.

Vejamos primeiramente a respiração. Ela começa por ocasião do nascimento, quando o ar penetra no interior do corpo do bebê, produzindo seu primeiro vagido. A vida depende da respiração. O fim da respiração é um dos sinais da morte, fim da vida. Existe uma profunda relação entre respiração e saúde. Para ter uma vida longa, é necessário ter uma respiração profunda. Corpo e mente entram em quietude e são criadas melhores condições para a vida.

Um adulto saudável respira de 12 à 16 vezes por minuto. A emoção aumenta esse número, a raiva, a emoção mais fácil de se observar, pode elevá-lo a quarenta por minuto. O corpo fica então extremamente exausto, o que prejudica a saúde. Quando, porém, se pratica o seiza, provocando uma tensão nos músculos do baixo-ventre e regulando a respiração, dentro de dois ou três minutos a freqüência baixa para 4 ou 6 vezes por minuto. Nota-se um aumento da capacidade pulmonar normal, de 500cc., para 1000 ou 2000. Também melhoram as condições da circulação sangüínea.
Uma pessoa normal, respirando normalmente, conserva um terço de seu volume sangüíneo mais ou menos estagnado no baixo-ventre. A respiração abdominal controlada acarreta uma circulação perfeita. A pessoa treinada consegue condições ideais de circulação sangüínea após os primeiros quinze minutos de controle. Os batimentos do coração, o pulso e a pressão também atingem condições ideais. Baixa a pressão daquele que a tem alta demais e vice-versa.
Agora, vejamos a questão do gasto de energia pelo organismo. Um homem adulto em repouso necessita por dia um mínimo de 1400 calorias. A prática do seiza e do controle da respiração faz baixar essa necessidade para 1000 calorias. A saúde é mantida com um mínimo de alimentação. A alimentação frugal dos antigos samurais e dos praticantes da cerimônia do chá está relacionada com essas práticas.

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